DA MINHA VIDA CUIDO EU

Prestação de contas é uma coisa que nem todo mundo gosta de fazer.
Conheço pessoas que se sentem pressionadas quando alguém lhes pede um relatório ou lhes pergunta algo sobre alguma área de sua vida. Nunca me esquecerei de quando abordei um líder há muitos anos, e lhe fiz uma pergunta sobre sua vida pessoal; a resposta veio de forma abrupta e direta: “Da minha vida cuido eu!” Pedi desculpas e já entendi que ali estava uma pessoa que não queria crescer, amadurecer e se desenvolver. Pessoas que têm esse comportamento, em geral, não conseguem enxergar suas próprias fraquezas e a necessidade de consertar algumas áreas da vida. Como consequência, elas não se desenvolvem. Com o tempo, nós nos acostumamos tanto com quem somos e com o que fazemos que entramos numa área de conforto pessoal que acaba interferindo diretamente em nossa possiblidade de sermos melhores e alcançarmos objetivos maiores.

Jim Steffem, autor norte-americano e escritor de alguns livros na área de liderança, diz que um dos obstáculos à excelência é nossa autonomia. Quanto mais autônomos no sentido de “cuidarmos sozinhos de nossa vida”, menos oportunidades teremos de nos desenvolver. Quem não presta contas de sua vida a ninguém, está sendo autônomo e se fechando para boas possibilidades de crescer.

A filosofia “da minha vida cuido eu” nasce do temor que temos em expor nossa vida. Algumas pessoas justificam tal temor citando experiências negativas que já tiveram no passado, ao compartilharem alguma informação pessoal ou exporem alguma fraqueza ou limitação a alguém. É lamentável que tais experiências aconteçam. Contudo, elas não podem ser utilizadas como argumento permanente para autonomia, silêncio e autopreservação. Nós precisamos da ajuda de outras pessoas para nos desenvolvermos. E, pensando nisso, dou três dicas que poderão fazer a diferença nesse processo importante de prestarmos contas de nossa vida a alguém.

Em primeiro lugar, ESCOLHA UMA PESSOA QUE POSSA AJUDAR VOCÊ. Não podemos sair por aí expondo nossa vida. É necessário escolher a pessoa certa. Ela terá características que darão segurança nesse processo. Além de ser alguém de confiança, é importante que tal pessoa tenha algumas características, como: saber ouvir, ser discreta, ter condições mínimas para sugerir áreas de mudança ou crescimento, ter um pouco de conhecimento da sua área de atuação. Atualmente, temos profissionais que fazem isso com boa competência, como mentores, coaches ou conselheiros. Dependendo da sua necessidade, será importante até pagar um profissional que o ajude a crescer e se desenvolver.

Em segundo lugar, é necessário TER UM PROGRAMA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. Se você escolheu a pessoa certa, então não precisará se preocupar muito com isso, pois ela lhe sugerirá um programa. Mas, se a pessoa não tiver essa visão, ainda assim vocês poderão sentar-se juntos uma primeira vez e estabelecerem critérios para a prestação de contas, como: agenda, áreas a serem trabalhadas, recursos que utilizarão (como leituras, filmes etc.), e o mais importante: como conseguirão medir o seu crescimento. Não basta reunirem-se para conversar, é necessário ter noção de onde as conversas poderão levar você. Existem também alguns livros que sugerem programas de prestação de contas.

Em terceiro lugar, é muito importante que você ESTEJA CONSCIENTE DA NECESSIDADE DO CRESCIMENTO PESSOAL. Conversar com uma pessoa sem ter essa consciência será perda de tempo para ambos. Um processo de prestação de contas não serve para massagear seu ego ou para colocar o papo em dia. A prestação de contas irá desafiar você, levantar suas fraquezas e fortalezas e produzirá um sentimento de desafio pessoal em busca da excelência. Faça da prestação de contas uma oportunidade para crescer, aproveite cada encontro, cumpra com o combinado, e com o passar do tempo você terá condições de autoavaliar o seu crescimento.

Aproveite bem a oportunidade de crescimento que a prestação de contas pode lhe dar. Com o tempo, você perceberá que a influencia de uma pessoa em sua vida tem um valor inestimável.


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